No dia 18 de novembro, o Centro Educacional do Lago (CEL) organizou a Feira Cultural Raízes do Saber, um evento aberto à comunidade que destacou projetos desenvolvidos por alunos e professores ao longo do ano. A programação incluiu produções autorais, apresentações artísticas e atividades que promovem a valorização da diversidade cultural e do protagonismo estudantil.
O diretor do CEL, Vitor Rios, enfatizou que a feira representa um trabalho contínuo da instituição, ressaltando a importância de conectar a formação dos alunos às raízes culturais brasileiras. Ele afirmou: “A escola deve educar contra práticas racistas que se espalham nas redes sociais. Nosso compromisso é valorizar a diversidade cultural e étnica, reconhecendo que a história do Brasil é entrelaçada com as culturas indígenas, africanas e europeias”.
A supervisora pedagógica, Deise Souza, apontou que o evento reflete um esforço estruturado para fortalecer práticas educativas antirracistas ao longo do ano. “Queremos que cada aluno entenda a importância de ser antirracista. Organizamos exposições, palestras e apresentações que se conectam com a legislação e a cultura da população negra”, explicou.
Entre os participantes estavam convidados de religiões de matriz africana, que abordaram a saúde mental da população negra e o empreendedorismo. O evento também contou com apresentações culturais, como percussão do grupo Congoná e capoeira, que são expressões históricas da resistência afro-brasileira.
A professora de sociologia, Janete Silva, defendeu que a valorização da cultura afro-brasileira deve ser uma prática contínua nas escolas públicas do Distrito Federal. “Hoje celebramos um trabalho que começou no início do ano, homenageando Zumbi dos Palmares e permitindo que os alunos compartilhem suas produções, aprendam uns com os outros e desenvolvam uma consciência antirracista”, disse.
O protagonismo estudantil foi um dos pontos altos do evento. A aluna Sara Reis, de 17 anos, apresentou o projeto Meninas.com, da Universidade de Brasília (UnB), que incentiva a participação feminina na ciência e tecnologia. “Apesar dos avanços, a área ainda é majoritariamente ocupada por homens brancos. Estamos aqui para dar visibilidade a mulheres que contribuíram significativamente para o país, como a pesquisadora Jaqueline Góes”, afirmou.
Outro projeto exibido foi de Ash Lima, de 16 anos, que apresentou maquetes de quilombos e sua relação histórica com o Cerrado, destacando a preservação ambiental promovida por essas comunidades. “Os quilombos surgiram como espaços de resistência para negros fugitivos da escravidão e muitos ainda preservam o meio ambiente e sua história”, explicou.
A coordenadora pedagógica, Tessia Goulart, reiterou que a feira é a culminância das atividades realizadas ao longo do ano no CEL, incluindo o clube de leitura antirracista e projetos interdisciplinares. Entre as iniciativas, destacou o projeto Máscaras Africanas, em parceria com o Museu Baobá, que envolveu a produção de peças em 3D a partir de máscaras tradicionais digitalizadas por alunos da UnB. Especialistas, psicólogos e representantes do templo Rosa de Oxalá também participaram, discutindo antirracismo e preconceito religioso.


